sexta-feira, 28 de maio de 2010

O cinema Experimental - Underground Americano - Andy Warhol




Olá Cinéfilos!
Como já é de conhecimento de todos, o desefio foi lançado: Vamos nos basear em Vanguardas para o próximo trabalho. E a escolha da Plane foi o Underground Americano, ou Cinema Experimental.
Um dos principais diretores que apresenta características peculiares nesse movimento sem características é o designer Andy Warhol. Ele que também foi muito importante para a POP-ART e para o crescimento cultural dos anos 60.
A fertilidade da obra de Andy Warhol estendeu-se a todas as áreas pelas quais o artista se aventurou. No que diz respeito ao cinema, embora não pudesse contar com uma técnica como o silk-screen, que o ajudou a produzir um número incontável de pinturas, chegou à impressionante marca de 65 filmes dirigidos em 6 anos, entre curtas e longas que chegavam a mais de 190 minutos. Por isso, é bastante curioso o critério, se é que houve algum, responsável por agrupar esses lançamentos em grupos de dois. Vinyl e The Velvet Underground and Nico: A Simphony of Sound estão separados por apenas um ano,no qual ele dirigiu 17 filmes. My Hustler e I, a Man têm entre si dois anos, 24 filmes e uma mudança bastante significativa: entre um e outro, Paul Morrissey passou a co-dirigir os filmes da Factory até eventualmente assumir sua liderança, imprimindo estilo e estética pessoais. Warhol passou a figurar mais como patrono que agente direto.
O ritmo de produção na Factory era urgente, acelerado. Filmes eram rodados na mesma velocidade com que se faziam novas pinturas. Era a arte na linha de produção, em todas as suas expressões. Sobre Vinyl, por exemplo, Warhol gostava de dizer que havia sido filmado de uma vez, sem ensaio, nada. De fato, há apenas um quadro e um plano-seqüência que vai até o fim do rolo, quando este é trocado e dá continuidade ao mesmo quadro. Há alguns zooms no começo, mas esta é toda a interferência na ação. My Hustler apresenta algumas mudanças formais, a mais óbvia sendo a existência de alguma movimentação de câmera, mas ainda encontramos nele dois grandes planos-seqüência - para os filmes desse período, Warhol costumava usar dois rolos de 30 minutos. Mais dissonante no grupo é I, a Man: é o único em cores, com uma metragem que ultrapassa os 60/70 minutos habituais.
Vinyl é uma adaptação aloprada de Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, trama bem conhecida do público devido ao filme de Stanley Kubrick, realizado 5 anos mais tarde. Na versão warholiana, Alex é Victor, interpretado por seu protegé Gerard Malanga. O filme começa com um close no rosto do belo rapaz; o plano abre e somos apresentados ao quadro que acompanharemos até o fim. No centro encontra-se Victor, que se apresenta como um JD (juvenile delinquent). À sua esquerda, um homem sentado em uma cadeira; à direita, uma mulher, a única em Vinyl, Edie Sedgwick, que entra muda e sai calada. Malanga passa os primeiros minutos levantando pesos e posando com um ar desafiador. Uma voz anuncia: Andy Warhol's Vinyl. A partir daí, um solilóquio do personagem principal explicando que sua natureza é violenta e ele a cumpre. O quadro estático transforma o espectador em voyeur, alguém que observa os movimentos daquela juventude por uma fresta, um buraco de onde só consegue o mesmo quadro. A carga homoerótica é tremenda e simples. Warhol não tem intenção de colocar a questão gay em pauta ou em, dentro dela, discutir problemas. Ele usa os corpos em cena em seu sentido mais material: o corpo de Victor, enquanto dança, bate, apanha e depois é humilhado, é um corpo desejável. Mais que isso, é um corpo desejável que só existe dentro do universo da masculinidade. Todas as suas relações se dão com homens, do amigo ao inimigo, médico e policial. A única mulher presente na ação, Edie, não age. É possível dizer: não existe. Está presente apenas para reforçar que o jogo sensual que acontece ali pertence apenas aos homens. A experiência feita em Victor, em vez de transformá-lo em cidadão de bem, cria uma vítima. Depois de purgado de sua maldade, ele é humilhado pelo médico, que arma uma cena de clara insinuação sadomasoquista. O homem que "escolhe não ter escolha", maneira como o policial descreve o experimento, vê-se submetido à vontade de um senhor tão cruel como ele era. Comentário político sim, mas no sentido das relações possíveis e existentes entre homens.
Co-dirigido por Chuck Wein, que mais tarde largaria o cinema para estudar ocultismo, My Hustler também é um estudo sobre masculinidade e homossexualidade. A câmera move-se como move o olho de um observador desejante: passa boa parte do tempo observando o michê contratado por Bald John. O rapaz, que John diz ter conseguido através do serviço dial-a-hustler, tem dois momentos no filme. No primeiro toma sol em uma praia e é observado por três outros personagens: aquele que o contratou, uma mulher e um michê mais velho. Os três o desejam. A câmera também. Por sobre sua imagem, ouve-se a conversa que travam os pretendentes. Cada um, um tipo bem definido: um gay endinheirado que gosta de ter belos rapazes a seu lado, um michê que envelhece e uma mulher que sempre se interessa por homossexuais. A novidade do filme de Warhol reside no aparecimento de tais personagens, totalmente marginais, e no tratamento que dá a eles. Ele desenha figuras até ali desconhecidas do cinema, e os trata com total naturalidade. Aliás, essa é a impressão mais forte que a segunda parte suscita. Nela, os dois michês tomam banho e se barbeiam, habitando um quadro que volta a ser estático. Discutem temas relacionados à sua profissão e, assim, colocam em xeque certas idéias a respeito do amor entre homens. Por exemplo, até onde é aceitável ser afeminado ou, inversamente, gostar de fazer sexo com mulheres; se podem deixar transparecer o desejo por mulheres para aqueles que os contratam ou se um comportamento muito feminino afastaria clientes. Nenhuma dessas questões havia sido levantada pelos grupos homossexuais que, mesmo com a revolução sexual acontecendo, traziam em sua agenda apenas a vontade política da aceitação. Em Warhol não há vontade de integração. Há, sim, a vontade de trazer para a luz pessoas e situações que freqüentavam guetos e eram invisíveis. Exibir esses indivíduos não como aberrações, mas como simples sujeitos, ainda que de vidas não ortodoxas. A abordagem que seu cinema faz desses desviantes certamente inspirou a cultura gay a partir dali.
The Velvet Underground and Nico: A Simphony of Sound é bem distante do projeto de cinema dos outros filmes. Registro de um concerto da banda que Warhol produzia, apela para um experimentalismo maior no tratamento da imagem, como se se quisesse fundir o caos da música crua e marginal do grupo com imagens da mesma estirpe. Talvez seja preciso encará-lo como uma pintura a qual foi adicionado som. Um tipo de escultura/instalação cuja única intenção é a de excitar os sentidos. O uso do zoom e o espectador são levados ao limite. Durante o show, em que a banda permanece estática, a imagem se move freneticamente, restando a quem assiste apenas a possibilidade de entregar-se à experiência. Fruir torna-se um desafio que não permite hesitações. Música após música, o filme joga com a capacidade de o espectador permanecer com ele. Parece que só há uma saída possível, e é a ela que se é convidado: o transe. Mas então, sem nenhuma espécie de aviso, a polícia interrompe o show, portanto, também o filme.
Esses são todos filmes pré-Paul Morrissey, a não ser I, a Man. O primeiro traço de distinção normalmente apontado pelos estudiosos é que esse seria o primeiro filme heterossexual de Warhol. De fato, trata-se de um homem e de suas relações com mulheres. Mas, se a homossexualidade não aparece, a questão em torno de ser homem, de possuir um corpo masculino e lidar com sua materialidade e desejo está presente. Tom Baker é o macho, envolvido com mulheres com quem divide a cena, uma de cada vez, oito vezes. Entre as oito moças visitadas por Tom estão Nico e Valerie Solanas, que tentou matar Warhol um ano mais tarde. Sua seqüência é, aliás, uma das mais interessantes do filme. Ela é a única que Tom não consegue seduzir e permanece o tempo todo desafiando-o em sua condição de homem. Não há indício de temporalidade seqüencial; os encontros podem ter acontecido na mesma semana, ao longo de muitos anos ou mesmo vários em um mesmo dia. A edição de cada cena era feita enquanto se filmava, usando-se o strobe cut, técnica em que a câmera é desligada e ligada e o resultado é mantido, criando o efeito de um flash de luz, além de um corte artificial no som. Esse efeito tem como resultado um esvaziamento de importância da relação e do tempo dedicado por Tom a cada uma de suas companheiras, como se cada duração fosse um amontoado de buracos em branco. O final do filme, abrupto, sem nada que o indique, reforça essa idéia: a vida sexual do homem é sem sentido, ele busca e continua buscando, sem conseguir satisfazer-se. Passa seu tempo entre momentos agradáveis e desagradáveis; mas o que é pior: passa muito do seu tempo em momentos esquecíveis.
Comum a todos os filmes, perpassa a vontade de Warhol de trazer para a tela aqueles para quem o sol não costumava brilhar. Michês, travestis, histéricas. Seu cinema fez emergir personagens novos e brilhantes. O lançamento desses DVDs é a possibilidade de entrar em um mundo paralelo ao do sonho americano. Mundo de homens, sobretudo, de pequenas vidas infames que Warhol foi capaz de pintar com cores, vibrantes; criando um universo particular onde transviados, famélicos e loucos eram superstars. A Factory como a Hollywood dos drogados e carentes.
Bom então agora, coma pesquisa pronta, é só arregassar as mangas, o rotenro já está em andamento...e LUZ, CÂMERA, CLAQUETE, AÇÃO!
Até a próxima!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

E o Quiquito vai para: GRAMADO!

Olá Cinéfilos!

Hoje vamos conversar um pouquinho sobre um Festival brasileiro de cinema no qual Jorge Furtado já foi premiado. Esse festival tem reconhecimento internacional desde 73. Cinfere aí:

Festival de Gramado é um festival de cinema do Brasil, realizado anualmente desde1973 no Palácio dos Festivais na cidade gaúcha de Gramado. Desde sua 20a edição (1992), inclui não apenas produções brasileiras, mas também filmes de origem latina - donde sua designação oficial, "Festival de Cinema Brasileiro e Latino". Foi, na década de 1980, o mais importante festival de cinema do Brasil.

Oficializado pelo Instituto Nacional de Cinema (INC) em janeiro de 1973, o Festival do Cinema Brasileiro de Gramado teve seu ponto inicial nas mostras promovidas durante a Festa das Hortênsias, entre 1969 e 1971. O entusiasmo da comunidade artística nacional, da imprensa, dos turistas e dos gramadenses fez com que todos se engajassem num movimento com o objetivo de transformar a iniciativa num evento de caráter oficial. Foi assim que a Prefeitura Municipal de Gramado, a Companhia Jornalística Caldas Júnior, a Embrafilme, a Funarte e as secretarias de Turismo e de Educação e Cultura do Estado saíram em defesa da idéia e a tornaram realidade.

O 1º Festival do Cinema Brasileiro de Gramado aconteceu de 10 a 14 de janeiro de 1973, passando a realizar-se todos os anos - primeiramente no verão, depois no outono e, a partir dos anos 90, no mês de agosto. As primeiras edições foram marcadas pelo sensacionalismo, a nudez e a crise das estrelas que disputavam a fama na serra gaúcha. Paralelamente, a disputa pelo Kikito - o Deus da Alegria - animava os debates, criava polêmicas e transformava a criação cinematográfica nacional no único assunto de artistas, realizadores, estudiosos de cinema, imprensa e público em geral. O festival firmou-se em tempos políticos duros - os anos 70 - driblando a censura e provando que era possível subverter o cotidiano difícil através da arte.

Desde essa época Gramado transformou-se num palco que traduz as glórias e crises do cinema nacional. A partir dos anos 80, com o aprimoramento das discussões sobre arte e cultura nos espaços do festival, o evento conquistou naturalmente o título de um dos maiores do gênero no país. Reunindo um grande número de filmes e de pessoas que querem falar de cinema, criação, sonhos e possibilidades de fazer sempre mais e com qualidade, o festival é hoje um espaço indispensável para a divulgação, discussão, crítica e incentivo à criação cinematográfica nacional.

Abaixo, os premiados de 2009:

Longa-metragem brasileiro

Longa-metragem estrangeiro


Bom, por hoje é isso...Até breve!
Grande abraço!



sexta-feira, 14 de maio de 2010

O que é cinema de vanguarda?


Após mais uma etapa de trabalhos concluída (logo apresentaremos os resultados aqui), vamos partindo para a próxima etapa da disciplina: Cinema de Vanguarda.

Esse conteúdo irá nortear outro trabalho mais para frente, então, se faz necessário o conhecimento e a pesquisa.

Bom, mas o que é mesmo cinema de Vanguarda?

Vanguarda foi uma corrente artística concebida entre os anos 20 e 30 na França, e acabou sendo também incorporada pela sétima arte, o cinema. Os cineastas passaram então a experimentar a linguagem cinematográfica. Brincam com novas técnicas, idéias e iluminação e novos ângulos da câmera. Não seguem o modelo linear e narrativo e exploram o abstrato e o lirismo.
O objetivo dos cineastas era chocar a burguesia e causar impacto com sensações a partir de fenômenos visuais nos filmes nada comerciais. Muito comum no cinema de Vanguarda é a critica a moralidade convencional e aos valores tradicionais.
Experimentações ainda são largamente exploradas no mundo cinematográfico, atualmente conhecidos por Cinema Independente. Com o advento da internet e redes sociais eles vêem se tornando mais populares.

Confira:

Anemic Cinema

“Anemic Cinema” (1926), de Marcel Duchamp (assessorado por Man Ray), foi uma obra seminal para as vanguardas dos 50 e 60. O inventor fez de sua “óptica de precisão” e seus rotorelevos um fenômeno cinético e irônico de estereoscopia.


Então agora que já conhecemos o cinema de vanguarda é só assistir as aulas, anotar as orientações e go to the videomovimento!

Um grande abraço a todos e até breve!

Plane Produções

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Houve uma vez dois verões


Olá cinéfilos de plantão!
A Plane tem o prazer de apresnetar a vocês o filme no qual nos inspiramos para fazer o remake (já editado): o primeiro filme de Jorge Furtado, Houve uma vez dois verões.
Sinopse:
Xico, adolescente em férias na "maior e pior praia do mundo", encontra Roza num fliperama e se apaixona. Transam na primeira noite, mas ela some. Ao lado de seu amigo Juca, Xico procura Roza pela praia, em vão. Só mais tarde, já de volta a Porto Alegre e às aulas de química orgânica, é que ele vai reencontrá-la. Xico quer conversar sobre "aquela noite", mas Roza conta que está grávida. Até o próximo verão, ela ainda vai entrar e sair muitas vezes da vida dele.
Elenco:
André Arteche .... Chico
Ana Maria Mainieri .... Roza
Pedro Furtado .... Juca
Júlia Barth .... Carmem
Victória Mazzini .... Violeta
Marcelo Aquino .... Inácio
Janaína Kremer Motta .... mulher de Inácio
Yuri Ferreira .... irmão de Roza
Álvaro Rosa Costa .... taxista
Premiações:
Grande Prêmio Cinema Brasil
Venceu na categoria de melhor roteiro original.
Indicado nas categorias de melhor figurino e melhor filme.
Cine Ceará - Festival Nacional de Cinema e Video
Venceu nas categorias de melhor diretor, melhor edição e melhor roteiro.
Curiosidades:
Houve uma vez dois verões foi o primeiro longa-metragem de Jorge Furtado, que se tornara no final dos anos 80 um dos mais renomados curta-metragistas do Brasil, especialmente graças a seu mais famoso trabalho, Ilha das Flores.
O filme foi produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, do próprio diretor, e teve fotografia de Alex Sernambi.
A trilha sonora de Léo Henkin foi editada no CD Houve uma vez dois verões.

Em breve postamos o remake para todos ver.
A estréia será na sala de aula dia 10/05.
Um abraço a todos e até a próxima